Emma Whitehead, 7, recuperada de leucemia, com a mãe, Kari, na Pensilvânia, EUA
Foto: Jeff Swensen/The New York Times
Emma
Whitehead vem saltitando pela casa ultimamente. É difícil acreditar, mas no
início do ano, Emma, então com seis anos, estava prestes a morrer de leucemia.
Ela tinha sofrido duas recaídas após fazer quimioterapia.
Seus pais
procuraram um tratamento experimental no Children's Hospital da Filadélfia, nos
EUA. O procedimento nunca tinha sido testado em uma criança nem em qualquer
pessoa com o tipo de leucemia de Emma.
Realizado
em abril, o experimento usou uma forma desativada do HIV para reprogramar o
sistema imunológico de Emma, de modo a matar as células cancerígenas.
O
tratamento quase a matou. Mas agora, sete meses depois, ela está em remissão
completa. Os pais de Emma, Kari e Tom, disseram que sua filha sofria de
leucemia linfoblástica aguda desde 2010.
Ela faz
parte de um grupo de uma dúzia de pacientes com leucemia avançada a terem
recebido o tratamento experimental, desenvolvido na Universidade da
Pensilvânia.
Abordagens
semelhantes estão em teste no Instituto Nacional do Câncer dos EUA e no
Memorial Sloan-Kettering, em Nova York.
"Nossa
meta é a cura, mas não podemos proferir essa palavra", disse o médico Carl
June, da Universidade da Pensilvânia.
Ele
espera que o novo tratamento possa substituir o transplante de medula, um
procedimento mais árduo, arriscado e caro e que hoje é o último recurso contra
leucemias e doenças relacionadas.
Três
adultos com leucemia crônica tratados na Universidade da Pensilvânia estão sem
sinal da doença; dois estão bem há mais de dois anos.
Quatro
adultos melhoraram mas não tiveram remissão completa e um foi tratado
recentemente demais para ser avaliado. Uma criança tratada melhorou, mas depois
sofreu recaída. Em dois adultos, o tratamento não funcionou. Os pesquisadores
apresentaram os resultados em reunião da Sociedade Americana de Hematologia.
Uma
grande empresa farmacêutica, a Novartis, está apostando na equipe da
Pensilvânia e já destinou US$ 20 milhões para a construção de um centro de
pesquisas na universidade.
Cientistas
dizem que a mesma abordagem -a reprogramação do sistema imunológico do
paciente- pode ser empregada contra tumores como de mama e próstata.
Para
realizar o tratamento, médicos removem linfócitos T do paciente -um tipo de
célula de defesa- e inserem genes que os capacitam a matar as células
cancerígenas.
A técnica
usa uma forma desativada de HIV, que leva material genético para dentro dos
linfócitos. Os novos genes programam os linfócitos T para atacar as células B,
uma parte normal do sistema imunológico que se torna maligna na leucemia.
Um sinal
de que o tratamento está funcionando é que o paciente fica extremamente doente,
com febres e calafrios, além de apresentar queda da pressão -efeitos que quase
mataram Emma.
A
pesquisa se encontra em fase inicial. Ainda não se saber por que o tratamento
às vezes não funciona. Não está claro também se o o paciente precisa das
células modificadas para sempre. Como elas matam as células B saudáveis, além
das cancerosas, os doentes ficam vulneráveis a infecções e precisam usar
imunoglobulinas para prevenir doenças.
Os pais
de Emma dizem que a menina parece estar levando tudo muito bem. Ela voltou à
escola e ao convívio com os colegas.
"Agora
é hora de Emma recuperar sua infância", disse seu pai.
Matéria publicada no jornal 'NEW YORK TIMES'.
Tradução
de Clara Allain pra o Jornal Folha de São Paulo em 10/12/2012.
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