quinta-feira, 27 de abril de 2017

Doador de menina com câncer que foi 'repórter por um dia' está indisponível

Lara Lang soube de medula compatível, mas procedimento não foi possível.
Mãe diz crer que doador desistiu: 'de repente, o milagre não existe mais'.


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'Não vamos desistir', garante a mãe de Lara (Foto: Giuliano Gomes/ PR PRESS)

A pessoa encontrada para doar medula óssea à adolescente Lara Cristina Lang, de 12 anos, em tratamento contra um câncer há nove, no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, está "indisponível", de acordo com o Hospital de Clínicas (HC).
O HC não informou detalhes e disse que o sistema utilizado para o cadastro dos doadores não permite acesso às razões da indisponilidade, que podem ir de morte a desistência, por exemplo.
A mãe de Lara, Divone Alves Domingos, conta que, quando avisaram sobre a descoberta, os médicos foram claros ao dizer que o doador existia e já havia concordado com o procedimento - que, inclusive, já tinha data marcada para ocorrer.

"O doador existia. Elas [as médicas] foram muito claras. Disseram: 'É o melhor doador que pode existir. Pode gritar para todo o mundo que a Lara tem um doador'. Do nada, ele não existe. De repente, o milagre não existe mais. Foi a pior notícia que recebi desde a volta do câncer", lamenta.
Os médicos não entraram em detalhes sobre o que ocorreu, mas, segundo Divone, ao que parece, na fala deles, o doador desistiu de doar.
Ao receber a notícia, Lara chorou muito e calou-se, afirma a mãe. A adolescente voltou com a família à cidade natal, São Bento do Sul, em Santa Catarina, e aconchegou-se em silêncio.
"Ela está em silêncio, não que falar com ninguém. Está no canto dela. É muito frustrante para a gente, mas a luta vai continuar. Tem que continuar. Ela já venceu o câncer três vezes. Não vai ser isso que vai nos fazer desistir", fortalece-se a mãe.
A família ressalta que não há nenhum ressentimento em relação ao Hospital Pequeno Príncipe, a quem a mãe agradece e para onde Lara volta, na próxima segunda-feira (20), para seguir com o tratamento.
"O Pequeno Príncipe é uma mãe para a Lara. Nós sabemos que eles não têm culpa nenhuma e eu queria deixar isso claro. Na segunda, voltamos para lá. Vamos começar do zero e, com certeza, o final vai ser feliz. Isso vai nos fortalecer", diz Divone.
A mãe faz um apelo às pessoas que se cadastram para doar medula e ao doador que, provavelmente, desistiu, cuja identidade não foi revelada a ela.
"Gostaria de aproveitar este momento para conscientar as pessoas que se cadastram para doar medula. É algo muito sério. A vida da minha filha depende disso. Então, pelo que as pessoas que sentirem no coração que devem doar sigam até o fim. Vocês são iluminados e têm a missão de salvar vidas. Não desistam. A gente não vai desistir".

O Hospital Pequeno Príncipe lamentou o ocorrido. "O Hospital Pequeno Príncipe é solidário à paciente Lara Lang e sua família, e a todos os pacientes que aguardam por uma medula para realizar TMO [Transplante de Medula Óssea], na esperança de que um doador compatível seja encontrado o mais breve possível para restabelecimento o quanto antes de sua saúde", diz trecho da nota divulgada pelo hospital.

Como doar medula

O número de voluntários cadastrados para doar medula óssea em todo o Paraná atualmente é de mais de 700 mil. O cadastro pode ser feito em qualquer banco de sangue. Somente na rede do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) são 22 postos.
O Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea foi criado em 1993, passando a funcionar no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva - INCA, a partir 1998.
Para efetuar o cadastro, o candidato deverá apresentar um documento oficial de identidade com foto. O voluntário não pode ser usuário de drogas e não ter tido nenhum tipo de câncer ou doença hematológica, mesmo que já estejam curados. No momento do cadastro serão coletados de 5 ml a 10 ml de sangue. Não é necessário estar em jejum, porém, é preciso evitar alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a coleta.
Se for verificada compatibilidade com algum paciente cadastrado o doador é, então, convocado para fazer testes confirmatórios e realizar o procedimento.

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