Luisa Biasibetti – doadora de medula
Meu nome é Luisa Biasibetti, tenho 20 anos, sou residente de
Porto Alegre RS, tornei-me doadora de medula óssea no dia 12 de novembro de
2012 no Hospital de Clínicas em Porto Alegre.
Não lembro exatamente desde quando comecei a ter a vontade
de fazer o teste, acho que foi com a novela Laços de Família.
Desde pequena sempre manifestei minha vontade de doar
sangue, órgãos, e tudo mais que tivesse em mim, que pudesse salvar alguém, esse
assunto sempre teve acesso livre dentro da minha casa. Eu, muito destemida,
falava que um dia iria ajudar alguém.
Quando completei 18 anos uma das primeiras coisas que fiz como
maior de idade foi ir doar sangue e coletar amostra para o REDOME. Naquele dia
não pude doar sangue, mas fiz o cadastro, lembro que só havia eu, fazendo a
coleta, sai de lá realizada. Cheguei em casa falando como seria bom se fosse
compatível com alguém, tentei incentivar alguns amigos a fazerem o mesmo, mas
sem sucesso, o medo da agulha era maior.
Alguns meses depois entrei na comunidade do orkut “Leucemia
Zero no Brasil” e vi um post onde Kátia orientava que pedíssemos o nosso número
do REDOME para ter certeza que estávamos cadastrados, depois de uns 5 meses
enviando e-mail para o INCA, eles me enviaram o número.
Neste meio tempo uma prima de segundo grau também foi
descoberta com leucemia, pensei que poderia ser eu compatível, mas infelizmente
não era.
Em 16 de junho de 2012 eis que o REDOME entra em contato
comigo através do telefone. Até havia esquecido que estava no cadastro, estava
trabalho quando recebi a ligação dizendo: “você é uma possível doadora de
medula” perguntava e se eu tinha vontade de fazer a doação, mais do que na hora
disse que SIM.
Fiquei tão feliz, sai contando para todo mundo! A informação
que me passaram foi de que em duas semanas eu iria fazer os próximos exames
confirmatórios e, se desse certo, em 2 meses faria a coleta. Os exames confirmatórios só foram feitos em
setembro, quase 3 meses após o primeiro contato.
Dia 22 de setembro conheci as Dras. Alexandra, Marina e a
Fernanda. Elas me reviraram, pediram
diversos tipos de exames de sangue, quase 50 qualidade de testes além de raio x
de tórax, e eletrocardiograma. Entregaram
os termos de doação do REDOME, do Hospital das Clínicas além de outro termo de
confidencialidade, onde afirmo que não
vou procurar o receptor, antes de 6
meses. Após 6 meses vou trocar e-mails
com o receptor e se for a vontade de ambos, vamos nos encontrar após um ano, eu
tenho muita vontade de conhece-lo , espero
que ele e a família também queiram.
Todos os exames feitos, data confirmada, fui até o
hemocentro do HCPA e fiz uma coleta de
sangue autóloga (para minha segurança)
para reposição de sangue durante a retirada da medula, caso houvesse
necessidade.
No dia 11 de novembro, um domingo, fui internada no
HCPA onde fui muito bem cuidada, tomei
um remedinho e apaguei, acordei às 5 horas para começar os preparativos, tomei
um banho com um produto que eles me deram e fiquei no quarto aguardando ate às
9:00 e pouco estava em jejum, desde a meia noite.
Fui levada de cadeira de rodas, até uma salinha pré
operatória, lá todos vinham falar comigo, dar os parabéns pela atitude, de
estar doando para alguém que nem se quer conheço, foi neste momento em que fiquei sabendo que
minha medula salvaria a vida de uma criança, fiquei ainda mais feliz.
Amo crianças e poder tentar salvar a vida de uma é uma honra,
dois outros hospitais estavam lá assistindo, e pediram uma amostra da
minha medula para estudo eu autorizei a retirada.
Pertinho das 10:00
hrs fui para o bloco, fui
orientada e anestesiada, mas fiquei acordada vez ou outra cochilava, a
anestesista era um amor de pessoa, mas que agora não lembro o nome dela, ficou
o tempo todo conversando e perguntando se estava bem. Pouco depois do meio dia
acabou a coleta e fui levada ao centro de recuperação, onde fiquei até as 1800 hrs.
Logo que cheguei no quarto já estava caminhando, não tive
dores fortes apenas um desconforto, como se tivesse um peso, acho que o excesso
do soro incomodou mais do que onde
retiraram a medula.
Recebi várias visitas até de pessoas que nem me
conheciam: enfermeiras, médicos,
acompanhante sem contar nos comentários do facebook, todos elogiam e me
desejando melhoras.
Talvez fisicamente não esteja 100%, mas meu ego e minha alma estão pulando de
alegria, melhor do que nunca, me sinto especial, por ter sido escolhida por
Deus para ajudar alguém a viver mais tempo.
Muitos me perguntam da dor e se não tive medo, sempre
respondo que não, confiava nos médicos e principalmente pensava no que o
receptor e na família que estava sofrendo, eles foram o maior remédio que
recebi, para a dor dos furinhos que levei, furinhos estes que terei o maior
orgulho de mostrar pelo resto da minha vida.
Espero um dia poder encontrar o receptor, bem, e postar fotos neste mesmo álbum do nosso
encontro, quero que ele saiba o quanto feliz eu fiquei em ter ajudado, sem
dúvida a minha medula vai mudar a vida dele, mas ele também mudou a minha. Vou lembrar deste momento sempre.
Espero que lendo meu depoimento, mais pessoas criem coragem
e vão até o hemocentro da sua cidade
fazer o cadastro como doador de medula. É
simples: preenche uma ficha com 5 ml de sangue e pronto, é tão simples e pode salvar uma vida.
Faz apenas 1 dia que doei medula e estou escrevendo esse
depoimento para vocês verem como é
rápida a recuperação…
LEUCEMIA TEM CURA¸ NÓS SOMOS A CURA!
LEUCEMIA TEM CURA¸ NÓS SOMOS A CURA!
Fonte: ATMO - Amigos do Transplante de Medula Óssea
03/12/2012 | Depoimentos de Doadores
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