sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

"Nós somos a cura" - Depoimento de uma doadora
Luisa Biasibetti – doadora de medula

Meu nome é Luisa Biasibetti, tenho 20 anos, sou residente de Porto Alegre RS, tornei-me doadora de medula óssea no dia 12 de novembro de 2012 no Hospital de Clínicas em Porto Alegre.
Não lembro exatamente desde quando comecei a ter a vontade de fazer o teste, acho que foi com a novela Laços de Família.
Desde pequena sempre manifestei minha vontade de doar sangue, órgãos, e tudo mais que tivesse em mim, que pudesse salvar alguém, esse assunto sempre teve acesso livre dentro da minha casa. Eu, muito destemida, falava que um dia iria ajudar alguém.
Quando completei 18 anos uma das primeiras coisas que fiz como maior de idade foi ir doar sangue e coletar amostra para o REDOME. Naquele dia não pude doar sangue, mas fiz o cadastro, lembro que só havia eu, fazendo a coleta, sai de lá realizada. Cheguei em casa falando como seria bom se fosse compatível com alguém, tentei incentivar alguns amigos a fazerem o mesmo, mas sem sucesso, o medo da agulha era maior.
Alguns meses depois entrei na comunidade do orkut “Leucemia Zero no Brasil” e vi um post onde Kátia orientava que pedíssemos o nosso número do REDOME para ter certeza que estávamos cadastrados, depois de uns 5 meses enviando e-mail para o INCA, eles me enviaram o número.
Neste meio tempo uma prima de segundo grau também foi descoberta com leucemia, pensei que poderia ser eu compatível, mas infelizmente não era.
Em 16 de junho de 2012 eis que o REDOME entra em contato comigo através do telefone. Até havia esquecido que estava no cadastro, estava trabalho quando recebi a ligação dizendo: “você é uma possível doadora de medula” perguntava e se eu tinha vontade de fazer a doação, mais do que na hora disse que SIM.
Fiquei tão feliz, sai contando para todo mundo! A informação que me passaram foi de que em duas semanas eu iria fazer os próximos exames confirmatórios e, se desse certo, em 2 meses faria a coleta.  Os exames confirmatórios só foram feitos em setembro, quase 3 meses após o primeiro contato.
Dia 22 de setembro conheci as Dras. Alexandra, Marina e a Fernanda. Elas me reviraram,  pediram diversos tipos de exames de sangue, quase 50 qualidade de testes além de raio x de tórax,  e eletrocardiograma.  Entregaram  os termos de doação do REDOME, do Hospital das Clínicas    além de outro termo de confidencialidade,  onde afirmo que não vou procurar o receptor,  antes de 6 meses.  Após 6 meses vou trocar e-mails com o receptor e se for a vontade de ambos, vamos nos encontrar após um ano, eu tenho muita vontade de conhece-lo ,  espero que ele e a família também queiram.
Todos os exames feitos, data confirmada, fui até o hemocentro do HCPA  e fiz uma coleta de sangue autóloga (para minha segurança)  para reposição de sangue durante a retirada da medula, caso houvesse necessidade.
No dia 11 de novembro, um domingo, fui internada no HCPA   onde fui muito bem cuidada, tomei um remedinho e apaguei, acordei às 5 horas para começar os preparativos, tomei um banho com um produto que eles me deram e fiquei no quarto aguardando ate às 9:00  e pouco estava em jejum,  desde a meia noite.
Fui levada de cadeira de rodas, até uma salinha pré operatória, lá todos vinham falar comigo, dar os parabéns pela atitude, de estar doando para alguém que nem se quer conheço,  foi neste momento em que fiquei sabendo que minha medula salvaria a vida de uma criança, fiquei ainda mais feliz.
Amo crianças e poder tentar salvar a vida de uma  é uma honra,  dois outros hospitais estavam lá assistindo, e pediram uma amostra da minha medula para estudo eu autorizei a retirada.
Pertinho das 10:00  hrs fui para o bloco,  fui orientada e anestesiada, mas fiquei acordada vez ou outra cochilava, a anestesista era um amor de pessoa, mas que agora não lembro o nome dela, ficou o tempo todo conversando e perguntando se estava bem. Pouco depois do meio dia acabou a coleta e fui levada ao centro de recuperação,  onde fiquei até as 1800 hrs.
Logo que cheguei no quarto já estava caminhando, não tive dores fortes apenas um desconforto, como se tivesse um peso, acho que o excesso do soro incomodou mais  do que onde retiraram a medula.
Recebi várias visitas até de pessoas que nem me conheciam:  enfermeiras, médicos, acompanhante sem contar nos comentários do facebook, todos elogiam e me desejando melhoras.
Talvez fisicamente não esteja 100%,  mas meu ego e minha alma estão pulando de alegria, melhor do que nunca, me sinto especial, por ter sido escolhida por Deus para ajudar alguém a viver mais tempo.
Muitos me perguntam da dor e se não tive medo, sempre respondo que não, confiava nos médicos e principalmente pensava no que o receptor e na família que estava sofrendo, eles foram o maior remédio que recebi, para a dor dos furinhos que levei, furinhos estes que terei o maior orgulho de mostrar pelo resto da minha vida.
Espero um dia poder encontrar o receptor, bem,  e postar fotos neste mesmo álbum do nosso encontro, quero que ele saiba o quanto feliz eu fiquei em ter ajudado, sem dúvida a minha medula vai mudar a vida dele, mas ele também mudou a minha.  Vou lembrar deste momento sempre.
Espero que lendo meu depoimento, mais pessoas criem coragem e vão  até o hemocentro da sua cidade fazer o cadastro como doador de medula. É  simples: preenche uma ficha com 5 ml de sangue e pronto,  é tão simples e pode salvar uma vida.
Faz apenas 1 dia que doei medula e estou escrevendo esse depoimento para vocês  verem como é rápida a recuperação…
LEUCEMIA TEM CURA¸ NÓS SOMOS A CURA!


Fonte: ATMO - Amigos do Transplante de Medula Óssea

03/12/2012 | Depoimentos de Doadores

Nenhum comentário:

Postar um comentário