Albuquerque destaca importância da solidariedade do doador no combate à leucemia
Parlamentar quer conseguir dez milhões de doadores cadastrados. Foto: André Abrahão
Solidariedade sem atitude é apenas uma palavra no
dicionário. A frase deixa transparecer um julgamento severo, mas é também o
apelo do deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) para que as pessoas se sensibilizem
acerca da importância de se cadastrarem como doadoras de medula óssea.
O parlamentar proferiu nesta terça-feira (18), na Câmara dos
Deputados, palestra para desmitificar o transplante de medula, com o
conhecimento de causa de quem perdeu o filho para a leucemia por falta de
doador. Pietro foi vítima de leucemia mieloide aguda, e faleceu após 14 meses
de luta contra a doença.
O Brasil registrou em 2010 quase seis mil casos de morte por
leucemia. Anualmente, cerca de nove mil casos são diagnosticados, de acordo com
dados do Instituto Nacional de Câncer. Em muitos deles, a doença só pode ser
curada por meio de transplante de medula óssea de doador que possua grande
compatibilidade genética com o paciente.
Leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos),
de origem geralmente desconhecida, cuja principal característica é o acúmulo de
células jovens anormais na medula óssea, que substituem as células sanguíneas
normais.
Depois de instalada, a doença progride rapidamente, exigindo
que o tratamento seja iniciado logo após o diagnóstico, que inicialmente é
feito por hemograma. Sua confirmação, porém, é necessária pelo exame da medula
óssea (mielograma). Nesse exame, retira-se menos de um mililitro do material
esponjoso de dentro do osso e examina-se as células ali encontradas.
Encontrar um doador com a compatibilidade genética
necessária é o primeiro obstáculo à cura. De acordo com Beto Albuquerque, há
casos em que são pesquisados até cem mil doadores para que seja encontrado um
compatível. “É uma loteria”. Por isso, quanto maior o número de doadores
cadastrados, maiores as chances de que seja encontrado um com a medula
apropriada.
CONSCIÊNCIA – A palestra de Albuquerque integra a Semana
Nacional de Doação de Medula Óssea, que teve início no dia 14 e segue até o dia
21, com o objetivo de incentivar o cadastro da população no Redome. A campanha
foi instituída pela Lei nº 11.930 de 2009, que ficou conhecida como Lei Pietro,
em homenagem ao filho do parlamentar.
Desde a primeira campanha, em 2009, o número de doadores
cadastrados no Brasil aumentou de 750 mil para mais de 3 milhões. É o terceiro
maior banco de dados do gênero no mundo, ficando atrás apenas dos Estados
Unidos e da Alemanha. “Precisamos, no entanto, chegar a 10 milhões de doadores
de todas as etnias no Brasil para podermos fazer frente à doença”, reiterou. As
chances de se encontrar doadores compatíveis também aumentam quanto mais ampla
for a amostra genética do banco de dados.
O parlamentar comemorou o crescimento do número de doadores
cadastrados, mas alertou para a necessidade de conscientizá-los acerca da
importância de que realmente compareçam para doar. “Cerca de 15% dos doadores
compatíveis não comparecem para o procedimento de doação após serem
localizados”, lamenta.
O incentivo ao cadastro como doador é o foco do deputado no
combate à leucemia. “Se o governo investisse mais em campanhas de doação, o
sistema de saúde pública teria redução nos gastos com tratamento”, aponta.
Um exame de classificação de medula para o banco de dados
custa R$ 320 para o SUS, enquanto o tratamento por meio de quimioterapia custa
milhares de reais. Se doadores compatíveis fossem encontrados com maior
rapidez, inúmeras quimioterapias poderiam ser evitadas em casos que só podem
ser resolvidos com transplante.
COMO DOAR – Para ser um doador de medula basta procurar o
hemocentro mais próximo, ter entre 18 e 55 anos e estar em bom estado de saúde.
É necessário levar documento de identidade oficial com foto e preencher um
formulário.
No ato do cadastro, são coletados cinco mililitros de sangue
para análise do código genético de compatibilidade, chamado de HLA
(histocompatibilidade). O resultado do exame fica armazenado no Registro
Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), juntamente com os
dados do doador, que será procurado caso apareça um paciente compatível.
Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida,
trabalho ou alimentação. Se a compatibilidade for confirmada, a pessoa será
consultada para decidir sobre a doação.
A medula pode ser coletada da bacia, por meio de punção, ou
diretamente da veia. Fundamental, no entanto, é que os candidatos a doadores
saibam que a medula óssea coletada da bacia não tem relação com a medula
vertebral. “Muitos deixam de se cadastrar por medo de afetar a coluna”, afirmou
Albuquerque.
Beto citou que já tramita na Câmara proposição que autoriza
o empregado a faltar um dia de trabalho por ano, sem prejuízo salarial, para
fazer inscrição ou atualização de dados no Redome.
Ele reiterou que a leucemia só pode ser enfrentada com a
solidariedade do doador, “porque é como um raio, que nunca avisa quando e onde
vai cair, podendo atingir qualquer um, quando menos se espera. Lá em casa o
raio caiu em dezembro de 2007 e até hoje não sei de onde veio.”
Fonte: Elisabeth Dereti
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