Fábio
Marques de Freitas tem apenas cinco anos e já enfrenta um desafio de
gente grande. Com uma leucemia diagnosticada em outubro do ano passado,
ele tem no histórico mais de 50 dias em internações, além de
quimioterapia e sessões de hemodiálise em virtude da forte medicação
recebida para combater o tumor. Para ficar completamente curado, o
menino precisa de um transplante de medula – mas nem os pais ou a
irmãzinha de dois anos possuem perfil genético compatível para a doação.
Para que Fábio consiga o transplante, o banco nacional de doadores
de medula óssea precisa se diversificar. A diretora da Central Estadual
de Regulação de Transplantes, Rosana Nothen, explica que, apesar dos
mais de 3,3 milhões de doadores cadastrados no Registro Brasileiro de
Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), a grande maioria possui o
mesmo perfil imunogenético: o de brancos descendentes de europeus.
Por isso, as populações indígena, negra e de outras etnias têm mais
dificuldade de encontrar doadores não aparentados – aqueles que não têm
laços familiares com o paciente.
PORTARIA FEDERAL ESTABELECE COTAS
Para tentar garantir que o cadastro adquira uma maior
representatividade de toda a diversidade genética da nossa população,
foi publicada em 10 de março, pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, a
Portaria nº 342, que regulamenta critérios de distribuição e controle de
cotas para cadastro de novos doadores no Redome. O objetivo é atrair
doadores nesses nichos que precisam ter mais representação no registro.
– As populações que foram entrando no banco são mais do mesmo.
Começou-se a refletir sobre o perfil desse banco em relação à
representação da população brasileira, e isso levou o Ministério da
Saúde a criar políticas segmentares de busca pelos perfis que são menos
representados dentro do banco – afirma Rosana.
No caso do Rio Grande do Sul, os que mais podem contribuir para
melhorar esse quadro são os moradores das regiões de Alegrete, Cruz
Alta, Palmeira das Missões e Pelotas, áreas com uma população mais
heterogênea. A família de Fábio é de Santiago e São Luiz Gonzaga,
cidades próximas a duas dessas regiões.
Pai do garoto, o motorista de ônibus Fernando Libardi de Freitas,
que se recupera de um câncer no rim diagnosticado seis meses antes do
que foi descoberto no filho, mobilizou amigos e parentes, com apoio da
empresa Nortran, onde trabalha, para se tornarem doadores voluntários.
– Para quem doa, é o transplante mais simples de todos. Todas as
esperanças que a gente tinha até agora tomaram um caminho inverso. Temos
que ter força e lutar com ele – diz o esperançoso pai de Fábio.
COMO SER UM DOADOR
É preciso ter entre 18 e 54 anos e apresentar boa saúde
-Nos
locais de cadastro, será coletada uma amostra de sangue, de 5 a 10 ml,
para a tipagem HLA, que identifica as características genéticas para a
seleção de um doador
-Os dados, além da ficha cadastral, serão inseridos no Redome. O
sistema informatizado realiza o cruzamento com dados dos pacientes que
necessitam de um transplante. Sempre que surge um novo doador,
verifica-se a compatibilidade
-Se o doador for compatível, será chamado para outros exames
-O
transplante é um procedimento seguro, realizado em ambiente cirúrgico,
feito sob anestesia geral, e requer internação de, no mínimo, 24 horas. A
medula óssea é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de
punções, e se recompõe em apenas 15 dias
-Importante: mantenha os dados cadastrais atualizados
PROCURE UM HEMOCENTRO
-Centro de Hemoterapia e Hematologia do Rio Grande do Sul (Hemorgs) –
(51) 3336-6755-Hospital de Clínicas de Porto Alegre –
(51) 3359-8504
-Hospital Conceição (Porto Alegre) –
(51) 3357-2139-Hemocentro Regional de Alegrete – (55) 3426-4127
-Hemocentro Regional de Caxias do Sul – (54) 3290-4543
-Hemocentro Regional de Cruz Alta – (55) 3326-3478 / 3168
-Hemocentro Regional de Pelotas –
(53) 3222-3002-Hemocentro Regional de Santa Maria – (55) 3221-5192
-Hemocentro Regional de Santa Rosa – (55) 3511-7367 / 3513-0612
-Hemocentro Regional de Passo Fundo – (54) 3311-5555
-Hemocentro Regional de Palmeira das Missões – (55) 3742-5676