sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Aberta a 5ª Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea

A abertura da Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea foi realizada na manhã desta sexta-feira (13), no Plenarinho da Assembleia Legislativa, em Porto Alegre (RS). A semana, que acontece de 14 a 21 de dezembro, está em sua quinta edição e tem o objetivo de ampliar o número de doadores voluntários cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Durante a sexta-feira, a unidade móvel do Hemocentro realizou em frente à Assembleia o cadastramento de possíveis doadores. Até o final da manhã mais de 50 pessoas já tinham se cadastrado.
O deputado federal Beto Albuquerque (PSB/RS) conduziu os trabalhos. Ele é o proponente da Lei Pietro (11.930/2009), que instituiu a Semana e leva esse nome em homenagem ao seu filho falecido em 2009, vítima de leucemia, antes de completar 20 anos. Beto falou sobre a luta de mais de um ano contra a doença. “Infelizmente, não conseguimos encontrar um doador compatível para meu filho.”
O parlamentar também proferiu uma palestra para desmitificar o transplante de medula, com o conhecimento de causa de quem perdeu o filho para a doença por falta de doador. Desde a primeira campanha, em 2009, o número de doadores cadastrados no Brasil aumentou de 750 mil para mais de 3 milhões. É o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha. “Precisamos, no entanto, chegar a 10 milhões de doadores de todas as etnias no Brasil para podermos fazer frente à doença”, reiterou.
Beto comemorou o crescimento do número de doadores cadastrados, mas alertou para a necessidade de conscientizá-los acerca da importância de que realmente compareçam para doar. “Cerca de 15% dos doadores compatíveis não comparecem para o procedimento de doação após serem localizados”, lamenta.
O incentivo ao cadastro como doador é o foco do deputado no combate à leucemia. “Se o governo investisse mais em campanhas de doação, o Sistema Único de Saúde (SUS) teria redução nos gastos com tratamento”, aponta. Entretanto, Beto chamou à atenção para a importância do SUS, muitas vezes criticado, que hoje é responsável por 98 % dos transplantes de medula, órgão e tecidos.
Encontrar um doador com a compatibilidade genética necessária é o primeiro obstáculo à cura. De acordo com Beto Albuquerque, há casos em que são pesquisados até cem mil doadores para que seja encontrado um compatível. “É uma loteria”. Por isso, quanto maior o número de doadores cadastrados, maiores as chances de que seja encontrado um com a medula apropriada.
A vereadora de Porto Alegre, Jussara Cony (PCdoB), que perdeu o neto para leucemia em novembro de 2012, também participou do ato. Jussara é autora do projeto, aprovado nesta semana, que criou a Semana Municipal de Mobilização para Doação de Medula Óssea e foi batizado com o nome de seu neto Matheus. “Este é um momento de celebração da vida de todos, doares e receptores de medula”.
Em seu depoimento, Jussara ressaltou que a lei nacional é de grande importância e já obteve resultados impressionantes. “A lei precisa ter suporte em todo o Brasil, a partir dos municípios, porque ela desencadeou uma nova concepção do significado da doação de medula óssea”, disse.
Representando a presidência da Assembleia, o deputado Miki Breier (PSB) declarou o apoio unânime dos deputados à Semana. Ele lembrou que, após o início desse trabalho de sensibilização, o número de doadores aumentou consideravelmente possibilitando que muitas vidas fossem salvas.
O presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren/RS), Ricardo Rivero, destacou as atividades da Semana no combate à falta de informação. E ratificou o apoio da entidade às iniciativas para que mais pessoas procurem o hemocentro de sua cidade.
Manoel Nelson Silveira veio representando o Hospital Conceição, que há um ano também conta com um centro receptor de cadastros. Beto anunciou que a abertura da Semana em 2015 dever ser feita no Conceição, já que a classe médica também precisa ser sensibilizada para a importância da doação de medula. O deputado informou, ainda, que o hospital será contemplado com R$ 1,5 milhão de emenda de sua autoria, para que possa realizar exames e diagnósticos de leucemia e outros tipos de câncer.
Flavia Moreira há 15 anos fez uma doação para sua irmã, Fernanda Lima. Num depoimento emocionado, ela salientou a importância de leis como a Pietro e Matheus. Foto: Sérgio Néglia























Flavia Moreira há 15 anos fez uma doação para sua irmã, Fernanda Lima. Num depoimento emocionado, ela salientou a importância de leis como a Pietro e Matheus. “Elas nos dão a chance de sermos mais generosos e solidários”. Fernanda também deu seu depoimento. “Queria que todos recebessem essa bênção.” Ela incentiva que as pessoas não esperem fazer a doação só porque o problema atingiu alguém próximo.
O deputado estadual Ciro Simoni (PDT), que recentemente deixou o cargo de secretário da Saúde do RS, destacou investimentos realizados nos hemocentros gaúchos e reconheceu a importância do trabalho que vem sendo realizado pelo deputado federal.
CAMINHADA – No domingo (15), acontece uma caminhada com distribuição de camisetas da campanha, dentro da programação da Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea. A concentração será às 10h, no Monumento ao Expedicionário no Parque da Redenção. A expectativa é reunir centenas de pessoas na atividade.
COMO DOAR – Para ser um doador de medula basta procurar o hemocentro mais próximo, ter entre 18 e 55 anos e estar em bom estado de saúde. É necessário levar documento de identidade oficial com foto e preencher um formulário.
No ato do cadastro, são coletados 5 ml de sangue para análise do código genético de compatibilidade, chamado de HLA (histocompatibilidade). O resultado do exame fica armazenado no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), juntamente com os dados do doador, que será procurado caso apareça um paciente compatível.
Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. Se a compatibilidade for confirmada, a pessoa será consultada para decidir sobre a doação.
A medula pode ser coletada da bacia, por meio de punção, ou diretamente da veia. Fundamental, no entanto, é que os candidatos a doadores saibam que a medula óssea coletada da bacia não tem relação com a medula vertebral. “Muitos deixam de se cadastrar por medo de afetar a coluna”, afirmou Albuquerque.
Beto citou que já tramita na Câmara proposição que autoriza o empregado a faltar um dia de trabalho por ano, sem prejuízo salarial, para fazer inscrição ou atualização de dados no Redome.
Ele reiterou que a leucemia só pode ser enfrentada com a solidariedade do doador, “porque é como um raio, que nunca avisa quando e onde vai cair, podendo atingir qualquer um, quando menos se espera. Lá em casa o raio caiu em dezembro de 2007 e até hoje não sei de onde veio.”
Fabiana Calçada com informações da Agência AL/RS

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