terça-feira, 16 de julho de 2013

Imama cobra cumprimento de tratamento 
de câncer em 60 dias

Rodrigo Borba
JONATHAN HECKLER/JC
Maira cobra o cumprimento do prazo para o início do tratamento
Maira cobra o cumprimento do prazo para o início do tratamento

A Lei 13.732, em vigor desde 23 de maio, estipula o prazo de até 60 dias para o início do tratamento de câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS), após o diagnóstico da doença. Contudo, passados quase dois meses, não há uma mudança efetiva. A mobilização popular, estimulada pelas redes sociais, é apontada como um dos fatores para modificar o cenário.

A corretora de imóveis Liane de Araújo, 57 anos, teve câncer de mama em 1997 e realizou os procedimentos necessários pelo SUS. Na época, esperou quatro meses e meio entre o diagnóstico e a cirurgia. “Demorou menos do que costuma demorar atualmente. Graças a Deus, estou bem. Estou viva”, comemora. A atual vice-presidente do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama) credita a agilidade que conseguiu na época ao fato de ter buscado orientações na instituição.

Para Liane, a demora para o início do tratamento ocorre, principalmente, pela falta de médicos, sendo que a situação é mais grave no Interior. Também destaca um dado alarmante: algumas paciente chegam a esperar seis meses, ou mais, para realizar o exame para diagnosticar a doença.

No Brasil, são diagnosticados, por semana, mil novos casos de câncer de mama, e, por mês, ocorrem mil mortes. No Rio Grande do Sul, são 80 casos para cada grupo de 100 mil mulheres e, em Porto Alegre, 125.

Os números evidenciam a importância da agilidade para o início do atendimento. Esse foi, inclusive, um dos temas debatidos durante a palestra Saúde é Cidadania, ministrada pela presidente do Imama e da Federação Brasileira de Instituições de Apoio à Saúde da Mama (Femama), a médica Maira Caleffi, durante a Semana Estadual de Luta contra o Câncer de Mama. O evento foi realizado ontem na Assembleia Legislativa.

“Não estamos vendo nada na prática, a não ser ações de algumas prefeituras”, resume Maira. O ciberativismo, divulgação da temática pela internet, é um dos pilares para cobrar das autoridades o cumprimento. Ela cita como exemplo as mobilizações que tomaram conta do País reivindicando uma série de melhorias, desde a redução da tarifa até o fim da corrupção. Também acredita ser necessário engajar o público jovem na causa.

Na opinião da presidente do Imama, é preciso haver uma pressão social e política. Outra iniciativa importante é a articulação entre os governos federal, estadual e municipal. Um dos objetivos, segundo Maira, é evitar os seguidos processos na Justiça para garantir o tratamento, pois os pacientes não têm tempo a perder.

O defensor público federal Gabriel Faria Oliveira ressalta que o acesso à saúde é um direito garantido na Constituição Federal e considera um avanço ter sido estabelecido um prazo entre o diagnóstico e o tratamento do câncer. Porém, lembra ser necessária uma medida semelhante para o diagnóstico da patologia. Inclusive recomendou à AL a elaboração de uma lei estipulando o tempo permitido entre a suspeita e o diagnóstico. “Temos todas as condições de fazer e de sermos exemplo para o resto do Brasil”, acredita. O deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) é autor de um projeto de lei que prevê o prazo de 30 dias.

Fonte: Jornal do Comércio/RS - 16/07/2013
http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=129455

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