15/12/2012 - MEDULA ÓSSEA
"Eu estendo a minha mão"
Nesta sexta-feira, foi aberta a Semana de Mobilização
Nacional para a Doação de Medula Óssea. Desde que a campanha iniciou, número de
doadores passou de 45mil para 239 mil no Estado. Somente em 2012 217
transplantes foram realizados no país
A 4ª Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula
Óssea foi aberta na manhã desta sexta-feira pelo deputado federal Beto
Albuquerque e pelo governador em exercício Beto Grill, na Escola de Enfermagem
do Hospital São Vicente de Paulo. Depois da criação da Lei Pietro - homenagem
ao filho do parlamentar morto em 2009, vítima de leucemia mieloide aguda - com
a mobilização, o número de doadores voluntários cadastrados no Registro
Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) passou de 750 mil para mais de 3
milhões. No Estado eram 45 mil doadores cadastrados e hoje são 239 mil
doadores. Onze estados brasileiros possuem centros públicos de coleta de cordão
umbilical. Somente em 2012 foram realizados no país, 217 transplantes de medula
óssea. “Esse aumento no número de doadores também elevou o número de pessoas
que estão se salvando”, afirma Beto Albuquerque.
(“O raio nunca avisa a hora em que vai cair, nem o lugar
onde vai acontecer e às vezes, acontece dentro da sala de casa”, comentou o
deputado federal, Beto Albuquerque, na abertura da Semana de Mobilização / FOTO
ROSA LIBERMAN)
A lei Pietro, de autoria do deputado, foi sancionada no dia
22 de abril de 2009 e prevê que, anualmente, de 14 a 21 de dezembro, seja
desenvolvida atividades de esclarecimento e incentivo à doação de medula óssea.“O dia 14 de dezembro de 2007 foi o mais cruel de todos, porque às 20h30 recebi um telefonema dizendo que meu filho tinha sido internado no setor de oncologia. Dois dias depois ficamos sabendo que era uma leucemia e passei a conviver com as brutais dificuldades que você encontra com essa doença, cujo tempo de recuperação ou transplante é um ano e dois meses, no máximo. Você começa a perceber as dificuldades em encontrar um doador para salvá-lo. Infelizmente, na época faltava um cadastro maior de doadores. Desse dia em diante, com as dificuldades que encontrei, apresentamos um projeto que virou lei. Perdi um filho com 19 anos, mas transformamos a experiência desse menino numa luta, numa lei e nestes três anos, as mudanças no país são gigantescas. Mas ainda é preciso mais esclarecimento, ainda há pessoas que confundem medula vertebral com medula óssea, por exemplo, e não há nenhuma relação.”, comenta o parlamentar.
(Governador em exercício, Beto Grill, também este presente
em Passo Fundo, falando do aumento do número de doadores / FOTO ROSA LIBERMAN)
Segundo ele, a perda é reposta pela luta e resultados. “Um
pai ter que enterrar um filho é uma ordem não natural das coisas, mas há
remédio para esse tipo dificuldade: tomarmos atitudes e sermos solidários. Porque
o raio nunca avisa a hora em que vai cair, nem o lugar onde vai acontecer e às
vezes, acontece dentro da sala de casa”, comenta.
O governador em exercício, Beto Grill, falou sobre a
iniciativa do deputado federal, que transformou a questão da doação da medula
óssea. “A partir destes trabalhos, ampliamos muito o banco de doadores e, além
disso, o esforço é para que as pessoas confirmem a doação”, diz.
Ele explica que é um procedimento indolor, não traz
dificuldades para o doador e que representa salvar vidas. “Com um numero maior
de doadores cadastrados, mais chances há de encontrar alguém compatível”,
acrescenta.
A coleta é um procedimento simples. Para se tornar um
doador, basta a coleta de 5ml de sangue para a realização de testes e o
fornecimento de dados pessoais.
De acordo com o deputado federal, a Semana Nacional é para
esclarecer dúvidas e tirar o medo, mostrar que é um processo simples. E a
abertura oficial aconteceu em Passo Fundo para homenagear o Hemocentro, que foi
um dos que mais captaram doadores nos últimos três anos, com 239 mil gaúchos
cadastrados em todo Rio Grande do Sul. “A abertura da semana de mobilização
também foi realizada em Passo Fundo com o objetivo de agradecer a comunidade
pela solidariedade que nunca faltou”, declara Beto Albuquerque.
Vitórias
Janete e Elio Bledoa comemoraram nesta sexta-feira nove
meses de sucesso do transplante que o filho Arthur fez. Hoje com 10 anos de
idade, ele só quer brincar e voltar a estudar, já que neste ano os estudos
foram interrompidos por causa de seu tratamento. “Ano que vem volto para fazer
o 5º ano”, diz ele, com voz tímida. “Mas por enquanto quero andar de bicicleta
e jogar bola, conta”.
Família de Arthur comemora os nove meses de transplante
Janete diz que a família passou por um período difícil, mas
comemora que hoje seu filho está bem. “Ele ficou por mais de um ano fazendo
tratamento até que descobriram a necessidade de um transplante. Depois disso,
foram 40 dias até encontrar um doador compatível”.
Para a mãe de Arthur, o ato de doação é um gesto de amor.
“Se não tivessem doado, talvez hoje meu filho não estaria mais aqui”, destaca.
O pai do menino, Elio, diz que está muito feliz depois da
difícil trajetória. “Estamos aqui para comemorar, mas também para pedir que as
pessoas se cadastrem como doadores e ajudem outras pessoas que precisam do
transplante”, diz.
O empresário Gelson Arend, 54 anos também participou da
abertura da Semana de Mobilização. Ele sofreu um AVC em 2007 e em um dos exames
descobriu que estaca com mielofebrose e desde então iniciou um tratamento com
medicamentos. Seu quadro é estável. “Mas como estou em uma idade avançada para
o transplante, resolvemos entrar na lista de transplantes neste ano. Fizemos
uma tipagem entre os irmãos e, minha irmã Evanir, 60 anos, foi compatível”,
conta. No próximo dia 7 de janeiro ele fará uma consulta em Porto Alegre e, em
breve fará o transplante. “É como seu eu tivesse ganhado um prêmio em achar
alguém compatível com tanta rapidez. Sabemos das dificuldades da
compatibilidade e muitas pessoas acabam chegando ao óbito”. A esposa Maisa
também está feliz com a rapidez com que foi encontrada uma pessoa compatível,
neste caso, da própria família.
Empresário Gelson Arend encontrou um doador em sua família e
vai fazer o transplante em 2013
‘Doador de medula óssea é um herói de verdade’
(O músico Ricardo Viapiana não precisou fazer o transplante,
mas conheceu o processo de perto. Sua banda, Lee Jhones, abraçou a causa / FOTO
ROSA LIBERMAN)
O músico Ricardo Viapiana, 26 anos, também passou por
situação semelhante. Em 2008, foi diagnosticado com linfoma de Hodgkin - doença
do sistema linfático. O tratamento foi durante todo o ano de 2009 com
quimioterapia e radioterapia. Ele não precisou de transplante, mas nesse tempo,
conheceu muitas pessoas que estavam na lista de transplante e ficou sabendo
como funciona o processo. Foi quando sua banda Lee Jhones abraçou a causa.
Ciente da importância da doação de medula óssea, passou a promover e apoiar
campanhas de doação com parcerias pelo Estado. Com tudo isso surgiu a música
Guia do Acaso II-O Caminho é o Coração, dedicada ao baterista Ricardo. E foi
com esta canção que a banda fez a abertura da Semana de Mobilização, nesta
sexta-feira.“Quando soube que não precisaria do transplante, foi como se eu tivesse renascido. Então imagino como uma pessoa fica ao saber que consegue fazer o transplante. Se você quiser se tornar um herói de verdade, é só se cadastrar como doador. Não dói nada, é algo muito simples”, declara.
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